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O Rio é uma causa perdida?

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Continue a ler se você acha que sim – mesmo que você tenha encontrado o blog ao fazer buscas no Google por fotos sensuais 

"Parte considerável da mão de obra disponível é absorvida pelo tráfico de drogas"--Stratfor

Tornando-se visíveis

Após os acontecimentos devastadores das últimas semanas no Rio de Janeiro, muitos cariocas e observadores estrangeiros caem em uma armadilha perniciosa: de pensar que a transformação da cidade ou é real, ou é falsa. E quem acredita que é real seria ingênuo, ou um explorador.

Essa entrevista para o jornal O Estado de São Paulo expressa os pensamentos de um número crescente de cínicos. “Há um sentimento geral de que tudo é feito no Brasil hoje apenas para montar uma fachada. É algo muito desanimador,” disse André Martins Vilar de Carvalho, um psicólogo e filósofo que mora no Rio.

Grande parte do que Vilar de Carvalho diz vai além de sua observação inicial–  e é verdade e precisa ser dito – repetidas vezes:

  • [O] Brasil […] vive uma espécie de capitalismo desenvolvimentista selvagem, que no fundo não quer gastar dinheiro com o social, interessando-se pelo lucro a qualquer custo.
  • O que vale colocar em questão aqui é esse “sonho pacificador”, é a política local transformar uma iniciativa bem-sucedida em uma grande propaganda de um Rio de Janeiro pacificado. […] a coisa é apresentada como se o Rio não tivesse mais problemas, virou uma cidade organizada, valorizada… Aí um estádio que foi construído cinco anos atrás corre o risco de desabar na cabeça da multidão. Descobre-se que a construção foi malfeita, obviamente por algum tipo de superfaturamento.
  • E o que não temos é um pacto social, não existe um discurso de construção de fato de um país para todos. O que existe e, mais triste ainda, é aceito, são interesses individuais ou de pequenos grupos mesquinhos, mas não uma disposição de pensar o coletivo. A ideia do “cada um puxa a sardinha para seu lado” está legitimada socialmente no Brasil.
  • Já a herança escravocrata é particularmente perversa: ela cria um sentimento de desigualdade social aceito de maneira não questionada no Brasil. E também uma perversidade na relação de poder, a ideia de que inevitavelmente vai existir uma elite, que esse fosso de distribuição de renda “faz parte”. É um sentimento muito ruim, muito prejudicial para o pacto coletivo de que precisamos.

Se você, assim como o entrevistado, faz a sua parte pelo Rio ao questionar, protestar e pressionar os governantes, pode parar de ler o post aqui.

Mas, se você se prende à ideia de que tudo é falso, para simplesmente virar as costas ao bem comum, por favor, continue a ler (o mais provável é que tais pessoas não leiam este blog, mas, quem sabe, se depararam com ele ao buscar por fotos sensuais de dançarinas de funk, como alguns fazem, segundo as estatísticas do WordPress). Deixar a sociedade de lado para focar em interesses individuais é, por si só, um voto a favor daqueles que superfaturam contratos, colocam motoristas de ônibus mal treinados atrás do volante ou deixam de investigar a queixa de estupro de uma brasileira.

E tem mais, a situação é muito mais complexa do que uma simples disputa entre idealistas e cínicos. Nós vivemos e trabalhamos em um inegável contexto de mudança. Não temos uma sociedade estática. A pirâmide socioeconômica do Brasil está se achatando. Apesar da desaceleração do crescimento econômico e mesmo em face da possibilidade de retrocesso – como ocorreu na Espanha e em Portugal, por exemplo –, os milhões que entraram na economia formal nos últimos cinco anos já sentiram o gosto de novos comportamentos, ideias, valores e possibilidades. As experiências vão além da compra de televisores de tela plana e outros eletrodomésticos.

Tais bens intangíveis estão aqui para ficar– e avanços como a nova lei que obriga o pagamento de horas extras e outros benefícios para domésticas certamente fortalecerão o processo. Isso está no centro do que realmente está acontecendo no Rio, mesmo que o prefeito, o governador e o secretário de habitação da cidade não tenham percebido plenamente o escopo do que eles iniciaram. Os invisíveis estão se tornando visíveis.

Os recém chegados despertam preocupação nas tradicionais classes mais altas, cujos filhos enfrentam trocas de fraldas e pias cheias de louça, bem como mais competição por empregos e vagas universitárias. Eles se estremecem perante a cultura de massa que acompanha uma economia de base ampla e a democracia.

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Aquilo que é intangível dura

Alguns cariocas enxergam o panorama mais amplo. Regina Casé, no programa de TV Esquenta  do último domingo, fez uma pergunta a algumas crianças presentes: em qual  favela você mora? Em seguida, conversou sobre a definição e o mapeamento de favelas no Rio com José Marcelo Zacchi, pesquisador do IETS. Talvez apenas dois anos atrás, teria sido impensável fazer tal pergunta em rede nacional.

O escritor Julio Ludemir e outros levantam a autoestima e ajudam jovens dançarinos a estabelecer contatos entre si mesmos e com a cidade como um todo, através da atual Batalha do Passinho, a qual, em uma rodada anterior, foi registrada em um documentário fabuloso, estreando em breve nas salas de cinema do Rio.

Marcus Faustini, diretor de teatro, expande sua metodologia de incubadora de projetos para jovens, da Agência Redes para Juventude, para o Rio como um todo e também para Miami, Londres, Manchester e Paris. Ele está trabalhando para integrar o Rio com o inovador Home Theater Festival, criando apresentações em casas em toda a cidade. Os “formados” da Agência continuam a desenvolver projetos próprios em favelas, como um workshop de dança de rua e apresentações jazz,  no Cantagalo; e uma festa de rap no Chapéu Mangueira, dentre outros.

A série de debates OsteRio volta com energia nova. Na próxima segunda-feira, haverá um debate sobre se os Cariocas são malandros ou especialmente criativos, com a presença de Zuenir Ventura, colunista de O Globo, e de Gilberto Scofield, editor da seção Rio do jornal. O Studio X , da Universidade Columbia, também fomenta debates que iluminam aspectos da transformação do Rio, tais como o processo de revitalização da área portuária.

As eleições estaduais de 2014 se aproximam e estimularão debate sadio, sobre o que já foi realizado e o que ainda falta. Pode ser que o provável candidato do PMDB, o insípido vice-governador “Pezão”, Luiz Fernando de Souza, tenha que enfrentar o provável candidato do Partido dos Trabalhadores, o carismático senador Lindbergh Farias.

E, por último, mas não menos importante, ativistas, designers, jornalistas e pensadores da região metropolitana do Rio estão construindo um novo think tank e site de notícias: Casa Fluminense— com foco no ano de 2017.

Sim, a cidade ainda é violenta e injusta demais– precisamos trabalhar para mudar isso. Porém, observadores e cariocas devem desconfiar daqueles que dizem que o Brasil não mudou. Apesar de ser psicólogo, Vilar de Carvalho deixou de apontar que o cinismo pode mascarar um desejo. Talvez alguns céticos , na verdade, esperem que o Rio não esteja mudando – pois assim, eles não precisarão mudar a si mesmos.

Tradução de Rane Souza



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